É nóis no Tchelinux 2008

Já falei que não gosto da rotina de palestrante, mas o meu amigo Leo me convidou para palestrar em seu evento Tchelinux e achou um jeito de me convencer a sair da toca: levar a Mog junto :)

É uma ótima idéia, pois além de ela me ajudar com tudo lá no evento, no tempo que sobra podemos passear juntos pela cidade, com calma, aproveitando de verdade a viagem, que fica sendo meio trabalho e meio passeio.

E foi exatamente isso o que fizemos neste final de semana: fomos à Porto Alegre para passear e participar do Tchelinux 2008.

Nosso avião era sábado às 7h30 da madrugada, e como o aeroporto de Curitiba é BEM longe do centro da cidade, tivemos que acordar às 5h30. Como se esse horário já não fosse desumano o bastante, tínhamos ido dormir à 1h30, totalizando incríveis quatro horas de sono. Isso explica as caras de sono na maioria das fotos :)

Não teve jeito de ir dormir antes, pois a Mog veio lá de Joinville, acabou pegando a rodoviária lotada e o ônibus atrasou um monte.

Já no avião, voando acima das nuvens e admirando aquela incrível paisagem de sonho, de um mar de algodão-doce que ia até onde os olhos não alcançavam mais, colocamos nossas alianças pela primeira vez. O noivado aconteceu em junho, com um anel provisório, porém agora tínhamos nos dedos nossas alianças de verdade. Viva! \o/

aviao-aliancas

Aliança nas nuvens

O evento foi na PUC, mesmo lugar do FISL. Chegando lá, a grata surpresa de ver vários amigos que há tempos não conversava. Amigos da Conectiva, da Internet, de outros eventos e até alguns leitores aqui do blog.

Depois do almoço eu e a Mog demos uma descansada na grama, pois a noite curta de sono ainda estava pesando muito as pálpebras. Aproveitei também para dar uma última olhada nos slides da palestra, pois eu ainda não sabia direito o que iria falar nas duas horas com o microfone na mão :)

Que que eu vou falar lá…

Sobre a palestra

O nome da palestra é “$oftware Livre como fonte de renda“, onde explico o que eu fiz para ganhar dinheiro como autônomo, desde que saí da Conectiva, no ano de 2005.

sl-como-fonte-de-renda

Pode ser encarada como a continuação da palestra “Como ser um desenvolvedor de Software Livre“, que eu fazia em 2004. Mas naquela época eu era empregado e tinha um salário, então o dinheiro não era uma preocupação. Hoje minha realidade é outra, e essa palestra nova reflete essa mudança.

Passei dois dias inteiros preparando os slides, deu um trabalhão. Mas valeu, foi revelador, pois primeiro precisei fazer todo um levantamento do que aconteceu nos últimos anos. Quanto gastei? Quanto vendi? Quanto ganhei? Em quanto tempo? De onde veio? Para onde foi? Fiz planilhas, gerei gráficos, comparei dados. Números, números, números.

Resumindo o assunto em uma palavra: $$$ GRANA $$$ :)

mr-burns

Nos slides eu tinha todos os dados. Exatos, porém frios. O calor e o humor viriam da minha história pessoal. Mas ainda faltava algo… Uma mensagem, um objetivo… A resposta veio rápido: a Mog e o Leo sugeriram que aquele público (jovens, estudantes) precisava mesmo era de motivação. Isso! Essa era a peça que faltava.

Como eu já não tinha mais tempo de preparar nada, foi tudo “ao vivo”, sem ensaio. Com o microfone na mão e slides no projetor, diante de 200 pessoas, a palestra nasceu.

À medida que eu ia contando as histórias e mostrava os dados dos slides, lembrava daquela época de dúvidas, e de como o futuro era incerto. Eu fazia as coisas sem saber onde iam dar. Hoje é fácil entender o processo, mas lá atrás tudo o que eu sabia era que eu precisava fazer. O resultado era uma incógnita.

E esse foi o grande recado: faça.

Não importa se não der em nada.
Não importa se não tem objetivo.
Não importa se ninguém te apóia.
Faça.
Simplesmente faça.
Pode demorar vários anos, mas o resultado vem.

Eu fiz, e o resultado veio.

E assim foram duas horas que passaram em instantes. Falei da camiseta das Funções ZZ, da apostila de shell, das doações via PayPal, dos anúncios do Google (AdSense) e dos livros que escrevi. Quer assistir?

Aqui tem a primeira metade:

E aqui tem a segunda metade (valeu Bruna!):

No final, um palestrante emocionado por perceber que hoje está vivendo o seu sonho de ontem e um público satisfeito que aplaudiu com vigor.

Missão cumprida.

O e-mendigo recebe doações :)

No meio da palestra o Leo me perguntou qual era o meu e-mail do PayPal. “É verde arroba aurelio ponto net” e voltei a palestrar. “Acho que ele vai por isso no site do Tchelinux“, pensei. Instantes depois, com um sorrisinho maroto no rosto, ele mostra a tela do notebook e diz que tinha acabado de me fazer uma doação. E mais, que também tinha quebrado o recorde de 100 dólares como a maior doação que eu já tinha recebido. UAU! Como assim? Massa!

No fim da palestra, recebi uma lista de nomes e um bolo de notas e moedas. “Que isso?“, perguntei. Eu não tinha percebido, mas por iniciativa do Leo e do Evaldo (UdontKnow), durante o “culto” eles passaram a “sacolinha” e colheram “ofertas” para este “pastor” que vos escreve :)

Pô, isso tocou fundo (no bom sentido, claro). Nos slides eu mostrei que os brasileiros contribuem muito pouco, apesar de serem os maiores usuários de meus programas livres. Mas ali, durante a palestra, o pessoal resolveu mudar essa realidade.

MUITO OBRIGADO MESMO!

46 pessoas doaram R$160,75 durante a palestra \o/

46 pessoas doaram…

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… R$160,75 durante a palestra…

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… e o Brasil é campeão Galvão! \o/

Logo depois da palestra fizemos um painel (ou mesa, ou algo parecido…), onde o tema era carreira profissional no software livre, com apresentação do Carlos Santos (casantos), em que eu, o Arnaldo (acme) e o Fábio Olivé (leitinho) respondíamos perguntas. Eu não tenho carreira, então não tinha muito a falar :)

Depois veio o encerramento, com a mensagem final do Leo, sorteio de brindes e arremessos de bottoms assassinos do Firefox, mas felizmente todos sobreviveram :) Aproveitei para vender os livros que eu tinha levado, e felizmente eles sumiram rapidinho!

De noite teve um mega churrasco nerd, num lugar bacana onde cada mesa tinha uma churrasqueira “pessoal” na ponta, para o grupo assar sua própria carne. Ao redor várias quadras de futebol onde jogavam times femininos, todas uniformizadas, com “uns coxão” como disse a Mog. Eu já estava entorpecido de tanto cansaço e sono, mas acabamos ficando lá até perto da meia-noite.

Dia seguinte acordamos tarde, tomamos aquele café reforçado no hotel e fomos torrar todo o dinheiro que ganhamos no evento :D Passamos o domingo no Brique da Redenção, e lá compramos alguns apetrechos (e até um quadro!) para decorar nosso futuro apartamento em Joinville. Assim toda vez que olharmos para o quadro, lembraremos dessa viagem, do evento, dos amigos e daqueles que fizeram parte dessa história.

Ah, eu ainda não contei sobre Joinville? Tá, um dia eu conto então ;)

Para terminar, gostaria de fazer um agradecimento especial ao Leo, que é um cara mais do que especial, que fez tudo isso acontecer. O Tchelinux foi um evento que eu tive prazer em participar, feitos por nerds, para nerds, sem politicagem. Altamente recomendado! Irmão, muito obrigado pela experiência, eu e a Mog ficamos MUITO satisfeitos com a viagem!

Leo é o cara

Leo é o cara

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