Vestidos socialmente, estávamos eu e a Mog, sábado à noite, no salão de festas do Posto Rudnick, ali pertinho de Joinville. Era o baile de formatura de seu irmão. Usávamos aqueles adereços divertidos, tão comuns em festinhas atualmente: pulseiras fluorescentes, óculos escuros de plástico tipo Olga e tiara de pompom.
Quando eu tava colocando aqueles apetrechos, me perguntei porque me divirto fazendo aquilo. Aquelas coisas definitivamente não combinam comigo. Mas é a segunda vez que eu e o Aurélio vamos secos catar as coisinhas e nos enfeitar. Mais uma vez ele colocou uma gravata ridícula de borracha, e um óculos azul estilo Ray Ban. Ahhh, vou entregar! Ele tentou me seduzir com a gravata falando algo de “calma cocada” e disse que aprendeu isso na Praça é Nossa. Meu, esse meu namorado é muito tosco! Praça é Nossa… tsc, tsc.
Ai que vergonha. Tô escrevendo no blog!
Animados, dançávamos ao som da banda que tocava ao vivo todo seu repertório de músicas pop. Tocaram as obrigatórias Macho Man, Y.M.C.A., It’s Raining Man e I Will Survive. Também vieram alguns forrós, axé e country. Divertido mesmo foi a música alemã (pense Oktoberfest), que com seu ritmo acelerado não deixou ninguém parado. A boa surpresa foi terem tocado That’s What I Like, o clássico medley de rock anos 50 do Jive Bunny. Só saímos da pista de madrugada, quando começaram a tocar funk carioca. Agüentar Atoladinha e Créu, não dá.
Detalhe: nós não sabemos dançar. Mas podem nos convidar pra formaturas, casamentos, baile de 15 anos; e verão um show na pista! Os dois dançando desengonçadamente por HORAS com um sorrisão no rosto. É Joinville, aqui sempre toca música alemã. Queria que tocasse o quê na Vila do João? Mas a minha mãe reclamou que faltou o clássico Zig-Zag. Essa sim é divertida de dançar com a alemoada! Funk? É, é triste dançar isso. E só se eu tirar algumas costelas pra conseguir rebolar igual àquelas gurias…
Sedentos, paramos no balcão do bar e pedimos dois sucos de morango. Como dois viajantes perdidos no deserto, ficamos hipnotizados com aqueles copos reluzentes que vinham flutuando em nossa direção, trazidos em uma bandeja. Foi o melhor suco de todos os tempos da última semana. Encorpado e BEM gelado, era quase um sorvete que esfriava os radiadores já fervidos de dois corpos cansados pela maratona musical.
Olha o orgulho da geração saúde: mamãe da Mog bancou váaarios whiskys 12 anos para comemorar a formatura do filhinho conhecido como Highlander da UDESC, pois demorou apenas 12 anos para se formar. Mesa cheia de bebida, família já toda travada e de língua enrolada, e o casal exemplo aqui vai tomar suquinho de morango. Lindo né?! O garçom até estranhou. Também…
Hidratados, decidimos voltar à nossa mesa. Cruzando o salão, eis que começa a tocar uma música do NX-Zero. Você sabe, aquela banda Emo que a molecada adora: franjinhas, maquiagem e cara melancólica.
Molecada…. Aham. Engana os leitores, engana. Eu já ouvi um certo moleque de 30 anos falar muitas vezes “Meu, essa banda é muito boa!”. Te entreguei! Te entreguei! Te entreguei!
Surpresos, percebemos que em uma das mesas, um casal de meia idade cantarolava o refrão meloso: “Por você, posso esperaaaar“, com a naturalidade de quem conhece e aprecia a música. A cena simplesmente não encaixava. Um senhor com cerca de 50 anos, de terno e gravata, copo de whisky na mão, fã de NX-Zero? E sua esposa, naquele longo vestido conservador que senhoras usam para disfarçar as marcas da idade, cantando todo o refrão? Bizarro.
O engraçado foi que o Aurélio passou e viu a cena, e eu estava mais atrás e isso também me chamou a atenção. Um olhou pra cara do outro mais a frente e: “Tu viu aquilo? Que bizarroooo!”. Eles estavam sentados meio desanimados (fofoca: devem ter brigado) e cantavam a música cada um do seu canto. Muito estranho! Estavam cantando pra si uma música adolescente, que parecia algo muito próximo deles. Meu, EU não sei cantar aquela música!
Desnorteados, precisamos de sua ajuda para entender o que aconteceu.
- 1. Os filhos adolescentes do casal esqueceram o CD do NX-Zero no som do carro dos pais, que, não sabendo como voltar para a rádio CBN, acabaram tendo que ouvir as músicas da banda por vários dias consecutivos?
- 2. No desespero de tentar entender porque seus filhos adolescentes estão tão depressivos, os pais começaram a ouvir as mesmas bandas que eles, procurando respostas na letras das músicas?
- 3. Para parecerem mais jovens, além de plásticas e roupas moderninhas, agora os adultos também estão consumindo músicas adolescentes para serem “cool”?
- 4. O NX-Zero foi no programa do Raul Gil, conquistando uma legião de fãs no público adulto, tocando fundo nos corações experientes?
- 5. A Ana Maria Braga recomendou o CD do NX-Zero enquanto cozinhava uma panqueca de atum light?
- 6. O Roberto Carlos regravou a música do NX-Zero?
- 7. O suco estava batizado com cachaça e tudo não passou de alucinação coletiva de dois?
Ah, a Ana Maria Braga só recomenda o CD tosco-plágio de auto-ajuda dela agora. E o Roberto Carlos é um véio adolescente, que jura que não fez plástica. Suco com cachaça? Olha, acho que mesmo bêbada eu veria aquela cena… Eu voto na alternativa 4! É bizarra, por isso combina com a cena! E tu?
Dê seu palpite!
Vote em uma das alternativas ou invente uma explicação mirabolante :)
E a participação especial da Mog aqui no blog, você gostou?