30.
Definitivamente estranho.
Ter “vinte e poucos anos” era legal.
Mas isso é passado, agora sou um trintão :D
A FESTA
Prevendo a depressãozinha inevitável que a data redonda no domingo traria, tudo o que eu queria era sumir e esperar passar. Sem festa, sem telefonemas, sem “Parabéns!”, sem planos nem resoluções para a nova década.
Convidei minha querida Mog para sumir comigo. Fomos para o mato.
Acampamos no Canyon do Guartelá. Embalados pelo som forte da cachoeira no “quintal” da barraca, jantamos ao ar livre, iluminados pela nossa fogueira de gravetos. A sobremesa foi colhida na jabuticabeira ao lado. Caímos no sono admirando o céu estrelado, que nos presenteou com duas estrelas cadentes! No dia seguinte, a visita ao Canyon e seus encantos.
Perfeito.
A HISTÓRIA
Se você é um leitor antigo deste blog, talvez lembre dos textos dos meus dois últimos aniversários: 28 e 29.
Eu tinha um plano maluco: Demiti-me da Conectiva em Setembro de 2005 e relaxei, deixando a mente livre para poder decidir o que faria da vida daquele ponto em diante. Meu objetivo era tentar algo novo e em dois anos estar ganhando o mesmo que eu ganhava naquela empresa. Por isso a “reescrita do código” terminaria somente na versão 3.0.
No início de 2006 mudei-me para a praia (Matinhos) e tentei virar fotógrafo de surfe, mas não rendeu fruto$. Fiquei um bom tempo cheio de dúvidas, sem saber o que fazer. Tempos difíceis aqueles, fiquei quase um ano ganhando menos de um salário mínimo por mês, garantido pelas vendas do livrinho verde e da apostila de shell. As economias do banco começaram a secar.
Era “fácil” voltar para Curitiba e arrumar um emprego qualquer em uma empresa qualquer de Informática. A qualquer momento eu poderia desistir do sonho e voltar para o caminho “seguro”. Mas essa idéia de derrota e conformismo me incomodava. Tudo aquilo seria em vão? Então eu não estava livre de verdade?
No final de 2006, o caminho finalmente começou a clarear com o lançamento do livro novo e a melhoria dos ganhos com os anúncios no site (AdSense). Pela primeira vez acreditei que sim, eu poderia continuar fazendo o que gosto (programinhas, escrever textos técnicos, escrever no blog, atualizar o site) e poder sustentar-me com isso. “Só” precisaria aumentar o valor de cada uma dessas micro-rendas até que somadas, pudessem ser consideradas um “salário”.
Durante 2007 trabalhei para conquistar esse aumento e aos poucos, bem devagar, sem pressa, os números foram ficando melhores a cada mês. O livro vende bem, apareceram trabalhos de programação (freela) e os cliques nos anúncios do site foram aumentando. Depois veio o Miguxeitor e a humanização do blog, e com essa onda de novos leitores, o site consolidou-se como uma fonte viável de renda.
Lembro no início, o Rubens Queiroz e o Rodrigo Stulzer me falando desse tal de AdSense… Relutei bastante para usar, achava errado, não me sentia bem em ter anúncios em meu site pessoal. Com o tempo fui aceitando, o Rodrigo sempre incentivando, até que resolvi “assumir” os anúncios: foi só tirá-los do canto escuro lá no fim das páginas e colocá-los em posições de destaque, que os ganhos apareceram. Comemorei meu primeiro dólar ganho em um único dia. Mais algumas semanas e foram dois dólares. Meses depois, cinco. E assim deslanchou. Hoje, com um trabalho constante de atualização e melhoria do site, felizmente este valor continua crescendo.
Sexta-feira passada, ao fechar a contabilidade de Setembro, meus olhos brilharam quando o MoneyLog mostrou-me o valor total dos ganhos: “X”. Foi um choque: X era o valor do meu salário lá na Conectiva, meu objetivo distante de exatos dois anos atrás, antes dessa viagem toda começar.
Consegui.
Era bom demais para ser verdade. Chavão, eu sei. Mas é difícil registrar em palavras o que senti naquele momento. De repente tudo fez sentido, de repente todo o esforço foi recompensado.
Os números vinham crescendo a cada mês, mas eu não estava preparado para este dia. Custei a acreditar, conferi os cálculos novamente, aumentei o tamanho da fonte para enxergar melhor. Era verdade.
Consegui.
Dali dois dias era meu aniversário. Trinta anos. Três ponto zero. Estabilidade. A “profecia” realizou-se.
CONCLUSÃO
Estou feliz com minha vida simples, estou feliz com o lugar onde moro, estou feliz com minha namorada, estou feliz com minha família, estou ganhando o salário que eu queria ganhar.
Fazer 30 é depressivo?
Com certeza é.
Mas eu realmente não tenho do que me queixar.
Obrigado Deus, por abençoar-me tanto.
Obrigado você que comprou o livro, a apostila, o canivete, a camiseta, que doou para algum projeto, que não bloqueia os anúncios.
Obrigado você leitor(a) que, de uma maneira ou de outra, contribuiu para que essa história chegasse até aqui.
VALEU!