Sim, ainda existe um coração aqui dentro. Pensei tê-lo perdido, mas não.
Se bem me lembro, a última vez que ele se manifestou já faz quase dois anos. Então calou-se. Ou melhor, foi calado. Uma medida drástica, porém necessária para mantê-lo seguro, longe de problemas.
Desde então tentaram libertá-lo, dominá-lo, conquistá-lo, possuí-lo, mas as defesas estavam bem posicionadas e nada o atingiu.
Após 17 meses de resistência obstinada, um acordo foi proposto e uma trégua foi estabelecida. Ele estava livre novamente.
Mas algo estava errado. Apesar de livre, continuava inerte. Vá! Viva! Ame! E nada. Como um pássaro que permanece na gaiola mesmo após aberta a porta, agora ele não sabia mais o que fazer. O preço do cárcere foi alto demais.
O acordo foi então desfeito, porém já não haviam mais motivos para retomar as defesas. Seguiu-se um período de paz inquietante. Iria ele voltar à vida algum dia?
Felizmente voltou. Hoje.
É bom sentir novamente. A alegria, a euforia, a energia, o bem-estar, a paz. A ansiedade, a insegurança, a incerteza, a decepção. Tudo em um só dia, tudo muito intenso. Perfeito.
Ela é de outro alguém, mas dessa vez a posse não importa. Gostar sem beijar, desejar sem ter.
Obrigado, B.