Rap e Metal, um casamento que deu certo

O flerte entre o Rap e o Metal começou na década de 80 e após vários anos de namoro, com tentativas e experiências, hoje essa união está bem consolidada como um gênero musical popular e rentável.

Sabe o Linkin Park? Eles misturam rap e rock pesado, fazendo um som poderoso mas ao mesmo tempo dançante. Mesmo que “dançar” nesse caso se resuma a balançar a cabeça ou fazer uma ginga que acompanha a levada da música. Eles são rotulados de rapcore, Nu Metal e Metal Adidas.

  • Rapcore é a fusão entre o rap e o hardcore.
  • Nu Metal, também chamado de New Metal, é um termo que define as bandas que misturam o metal com outros gêneros, entre eles o rap.
  • Metal Adidas é o “apelido” que as bandas de Nu Metal receberam no início, pois a Adidas patrocinava a maioria delas.

Mas isso é história recente, é o resultado de um movimento que começou há décadas atrás. Acomode-se confortavelmente na cadeira e prepare-se para uma viagem no tempo.

Voltemos ao ano de 1975. A banda Aerosmith lança seu álbum Toys in the Attic. Ali havia uma pérola escondida, esperando para ser descoberta e ganhar o mundo, chamada Walk This Way. Você já ouviu, com certeza. Começa com a bateria, depois entra a guitarra com a melodia que gruda na cabeça.

A música fez sucesso na época. Legal.

Mas o sucesso mesmo veio mais de uma década depois, quando em 1986 os rappers do Run-D.M.C. regravaram a música, contando com a “canja” do vocalista e do guitarrista do Aerosmith.

Mas hein? Rappers e roqueiros em uma mesma música?

Run DMC
É, Run-DMC, bitch!

E pela primeira vez o mundo pop ouviu uma mistura viciante de guitarras com bateria eletrônica, scratches e o vocal descompassado do rap. Foi um sucesso imediato. Se você ainda não ouviu essa versão, vá já no YouTube!

No ano seguinte (1987) surge a banda Biohazard, uma das primeiras a investir no estilo rap+metal. O famoso Rage Against the Machine veio depois, em 1991, também apostando na mistura.

Ainda inspirada pela clássica Walk This Way e sua “jam” entre roqueiros e rappers, em 1993 a trilha sonora do filme Judgment Night contava somente com músicas que repetiam a fórmula, juntando artistas de ambos os estilos em composições únicas e exóticas. Acompanhe as parcerias (rock na esquerda, rap na direita):

Judgment Night

  • Helmet & House Of Pain
  • Teenage Fanclub & De La Soul
  • Living Colour & Run DMC
  • Biohazard & Onyx
  • Slayer & Ice-T
  • Faith No More & Boo-Yaa T.R.I.B.E.
  • Sonic Youth & Cypress Hill
  • Mudhoney & Sir Mix-A-Lot
  • Dinosaur Jr & Del tha Funkee Homosapien
  • Therapy? & Fatal
  • Pearl Jam & Cypress Hill

Esse álbum é um clássico. Recomendo MUITO. Tem alguns clipes no YouTube.

Mas prepare-se que não será uma audição fácil. Você provavelmente não vai gostar na primeira ouvida. As músicas são densas, conceituais, experimentais.

Lá pela terceira ou quarta vez você começa a perceber como essa combinação de peso e balanço é gostosa. As guitarras garantem a energia e poder que os ouvidos roqueiros estão acostumados. Porém a levada quebrada da bateria, juntamente com os vocais rappers, fazem seu corpo balançar. Sim, roqueiros também dançam!

A minha música preferida desse álbum é a Disorder, com o rapper Ice-T cantando junto com a sonzeira destruidora do Slayer. O Tom Araya também grita, é claro! A do Helmet é boa também, com barulhos de furadeira e sino de igreja.

Esse álbum me traz ótimas lembranças da adolescência, da época em que havia o Sindicate em Curitiba, uma casa noturna que tocava muito rap e hip-hop e tinha uma pista de skate do lado de fora.

Os megahits eram: Jump Around! Boom sha lock lock boom! e Heeeey Hoooo Heeeey Hoooo.

Você saía na noite para curtir um som, olhar a mulherada rebolar e ainda dava uma bandinha com o carrinho. Perfeito. Ah, tinham as gurias que subiam nas caixas de som para dançar, de saia. Nossa, o que mais um adolescente virgem poderia querer da vida? :)

Por falar em Ice-T (que também é ator Hollywoodiano), o cara gostou tanto dessa brincadeira de cantar ao som de guitarras que acabou montando sua própria banda de rapcore, o Body Count (In da raus!).

E as referências vão se interligado, indefinidamente…

Eu confesso que não sou fã de rap.
Eminem é legal às vezes. Pensador também.
Mas rap com hardcore ou metal, detona!
E você, curte alguma banda do estilo?

— EOF —

Gostou desse texto? Aqui tem mais.