Eu fui. E como poderia perder?
Primeiro, um salto no tempo para 11 anos atrás. O show do Toy Dolls de 1995 ainda é até hoje o dia mais feliz que já vivi. Foi um conjunto de fatores que culminaram em uma noite perfeita. Começou com a reunião antes do show com amigos, namorada, minha irmã Karla e meu primo Júnior (Feio para os íntimos). Fomos todos à pé do AM PM (ao lado do CEFET) até o Aeroanta, cantando as músicas da banda, naquele misto de êxtase e incredulidade: será que o Toy Dolls vai mesmo tocar aqui?
Já lá dentro, o show foi incrível. Era verdade, o Olga existia. E babava. Muito. O Aeroanta estava mais do que lotado, eu ergui um braço e não consegui mais abaixar. A pressão no peito era grande, difícil de respirar. Fui cantar o Ôôôôôôôô de Nellie The Elephant e apaguei. Nem caí no chão, não tinha como. Toda a multidão era um único bloco compacto. Voltei ao ar antes do final da música e ainda tinha o refrão mais uma vez: Ôôôôôôôô. Apaguei de novo :)
No final todos se abraçando, gritando, com aquele sorrisão no rosto. Felicidade. Mesmo que temporária, era felicidade. Nosso grupo de amigos ali reunido e uma lenda do punk tinha acabado de tocar em nossa cidade. Mágico.
Back in ’79, digo, de volta à 2006. Mais precisamente de volta à noite do dia 27 de Outubro de 2006. Da turma daquela época, apenas três foram conferir novamente o Toy Dolls em Curitiba: eu, o Nissin e o Groo. E foi novamente no Aeroanta, atualmente encarnado como Espaço Callas.
Foi bom relembrar os velhos tempos de shows insanos no Aero: NOFX, Bad Religion, DRI, Os Replicantes, Ultraje A Rigor. Aquelas paredes contam muitas histórias. Já ao entrar, a nostalgia ficou ainda mais forte: só tinha velhos! :) Toda a “velha guarda” punkrocker curitibana estava lá, o pessoal “das antigas” que freqüentava o Aero também. Nada de molecada Emo. Me senti em casa.
O Toy Dolls é uma das poucas bandas (talvez a única) que consegue juntar em um mesmo show criaturas tão diferentes: punks, carecas, metaleiros, nerds (eu!), góticos, harleiros e outros integrantes da fauna urbana. Além das pessoas normais, é claro. E todos ali, mostrando os dentes sem conter o sorrisão de alegria. Definitivamente era um show do Toy Dolls.
Tinha pouco espaço livre para o pogo tradicional, então não houve roda, mas sim um grande empurra-empurra com escorregões e tombos. Mas claro, tudo na camaradagem, com o sorrisão ainda estampado no rosto. A Kolynos deveria gravar um comercial no show do Toy Dolls. É, Kolynos sim. Ou você chama o Lollo de miuquibar?
Eu poguei de óculos, pois senão só iria ver três borrões amarelados em cima do palco. A primeira vez que ele caiu no chão, tive a sorte de ninguém ter pisado em cima e consegui recuperá-lo após seis looongos segundos rastejando e passando as mãos pelo chão escuro, até apalpá-lo. Estou falando dos óculos, não aviade.
Já na segunda vez não tive a mesma sorte. Caí de costas no chão após uma cama-de-gato não intencional feita pela perna de outro pogante. Os óculos saltaram. A armação quebrou e a lente caiu. Sorte que consegui arrumar no dia seguinte e a lente não riscou.
E o que falar do coro… Imaginou toda a fauna que estava presente no show? Agora imagine todos estes seres de aparência agressiva cantando a musiquinha da elefantinha Nellie. E logo em seguida, desejando que a Glenda tivesse um bebê, seguido do gritinho “Uuuuíííí…”. Dificilmente sua imaginação conseguirá captar a magia desse momento. Eu estava lá. Eu cantei. Eu me arrepiei.
O coro de Glenda também fora cantado antes, em um dos intervalos do show. Memorável.
Nellie The Elephant e coro de Glenda And The Test Tube Baby no final
Desnecessário dizer que quem não foi, PERDEU.
- Outra resenha do show, com algumas fotos
- Depoimentos de punkrockers curitibanos sobre o show de 1995
- Não achei muitas fotos :( Se encontrar, me avisa!