Último dia do mês, amanhã eleições… Coça o queixo… Olha o horizonte… É, parece uma boa combinação para lembrar da letra do Fernandinho…
Vista seu capacete anti-estático e entre na máquina do tempo, voltando ao ano de 1993. Fernando Collor tinha recém-renunciado à presidência do Brasil para tentar escapar do processo de impeachment. Se foi mesmo a Rede Globo quem o derrubou, não vem ao caso. Mas o fato é que falar mal do ex-presidente ficou sendo “cool”.
Os artistas aproveitaram o momento, especialmente o Gabriel o Pensador que saiu do completo anonimato para virar um mega sucesso nacional com sua música Tô Feliz (Matei o Presidente). Tempos estranhos aqueles onde uma música que faz apologia explícita ao assassinato e à barbárie cai no gosto da mídia e do povão. Rádios e programas de tevê repetiam à exaustão a música com seus trechos fortes:
- “Um tiro só, bem no olho do safado”
- “Tinha que ter tirado uma foto quando o sangue espirrou”
- “O defunto foi degolado, e o corpo foi queimado”
- “O pessoal estava jogando futebol com a cabeça do presidente”
Na mesma época a banda punk/oi Garotos Podres lançava o excelente disco Canções Para Ninar, que também trazia uma música anti-Collor (lembra das letras L em verde e amarelo?).
Mas contrariando a lógica, a letra da banda punk era mais leve e refinada do que a letra do cantor pop. Também mencionava uma eventual morte do presidente, também ridicularizava sua esposa e também citava bordões que o Collor utilizava. Mas fez isso com bom-humor e não ligou explicitamente a letra à pessoa.
Passados 13 anos, hoje eu canto a música do Garotos Podres com alegria e sempre me divirto com a letra. Já a música do Pensador me incomoda. Antes eu gostava, mas hoje ela parece simplesmente apelativa e de mau gosto. Mas enfim, tempos estranhos aqueles…
Fernandinho Viadinho – Garotos Podres
Quando ele era pequeno, era o maior bicha do colégio interno
Mas quando ele cresceu, resolveu tomar a linha
Aprendendo caratê pra bater nas menininhas
Fernandinho viadinho
Fernandinho viadinho
Festas de embalo do Baixo Leblon, as orgias de Brasília
Agora só passa a mão na poupança das velhinhas
Fernandinho viadinho
Fernandinho viadinho
Eu ando a pé, ele de jetski
Ele se diz um cidadão respeitável
Até se casou com uma boneca inflável
Fernandinho viadinho
Fernandinho viadinho
Essa é uma história fictícia
Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas
É mera coincidência
Espero que ninguém vista a carapuça
Fernandinho viadinho
Fernandinho viadinho
Minha gente… Não me deixem só
Eu sei que vocês me amam
Eu tenho aquilo roxo
Minha gente, não chafurdem na lama
Não sejam impatrióticos
Minha gente, não me deixem sóóó!