Foram 8 anos trabalhando com informática, em funções que exigem concentração extrema e atualização constante: programador, redator técnico e administrador de sistemas. Nas horas vagas mais computador, escrevendo guias, apostilas, livros, programas e sites.
O imediatismo e obsolescência rápida do conhecimento me deixam com a sensação de que muito do que construí tinha prazo de validade. Diferente de um quadro que é eterno, um programa ou um documento técnico precisam de manutenção vitalícia. E quando o cara possui dezenas de documentos e programas para cuidar (meu caso), a vida se torna uma escravidão de atualizações.
Sabe aqueles artistas circenses que equilibram vários pratos em varetas? Sempre devem estar atentos a todos os pratos e ir lá arrumar aquele que está quase caindo. Assim é a minha rotina de nerd. E para piorar, o mais divertido é criar coisas novas, materializar idéias (mesmo que eletronicamente). Então de tempos em tempos lá vou eu colocar um prato novo para rodar, aumentando a carga geral.
Cansei. É preciso mudar. Não quero parar totalmente pois gosto muito de programar e escrever. Mas definitivamente é preciso conter essa proliferação descontrolada de demandas.
Quero ter a informática como hobby em minha vida, algo que faça esporadicamente por prazer, quando estiver afim e não por obrigação. A ditadura dos bugs e dos usuários é pesada. O objetivo é passar de meganerd a entusiasta. Uma involução necessária para manter a sanidade.
Minhas férias já completaram dois meses. Achei que seria bem complicado o processo de desnerdização, mas me enganei. A vida está mais tranqüila do que nunca.
Mudei rotinas, estou adquirindo hábitos novos e o computador cada vez mais perde espaço na alocação de tempo. Para mim é como uma libertação, sem culpa e sem remorso. Ainda há muito a fazer e muitas obrigações para delegar ou abandonar. O número de pratos rodando deve cair drasticamente.
A carreira profissional ainda é uma incógnita. O que sei é que não quero mais brincar de informática. Quem sabe fazer algo relacionado à música ou ao esporte, ou algum trabalho de criação onde a “obra” não exija manutenção posterior constante.
A mente está aberta à espera da idéia. Quando ela vier, o ciclo recomeça: aprender e produzir.
E você, qual a sua história?