Ramacheng ensinou. Podemos falar com as plantas, com as estrelas, com as pedras, com os animais. O Ser que está em cada partícula é o mesmo que dá vida ao Homem. Posso ouvir a fala de uma flor, da abelha ou de um aeon da Eternidade. Todos falam no silêncio da Plenitude que preencheu a indivisível Vacuidade.
Há muitos anos que as plantas falam comigo. Ouço sem querer o diálogo das borboletas. Nas fábulas os antigos registravam o Saber dos deuses. Nelas falavam os bichos. Falavam criaturas hoje consideradas criações da nossa mente, como a Verdade, o Medo, a Ignorância, e tantos seres abstratos que possuem nome hoje...
As abelhas também falam e falam misteriosamente. São muito concretas e falam bem claro, especialmente quando ferroam! Estudo esse mistério das abelhas há umas três décadas. E até hoje, quanto tenho aprendido com elas!
Era uma vez uma abelha Poedeira que fui introduzir numa colônia órfã, que emitia seu lamento há dois dias. Um zumbido novo ecoou pelas abóbadas de ouro da Catedral de Mel e Cera. Minha mente gravou o diálogo que elas trocaram nesse momento.
As abelhas do Enxame vieram lamber das costas da nova Rainha o feromônio que estava faltando. Conferiram entre elas de boca em boca o longo caminho do passado dos dois ramos genealógicos que se encontraram. O enxame que produziu a nova Rainha foi lembrado no misterioso DNA do feromônio. Rememoraram milhares de primaveras.
Sem nenhuma falha no tempo, poedeira sucedeu a poedeira, nasceram milhões de operárias, subiram ao ar milhões de zangões e se recolheram suas essências ao ser eterno do Enxame. Fechou-se a lembrança quando as operárias acharam o tronco que foi antepassado comum das duas estirpes reencontradas. E a História do Enxame continuador ficou ali fixada para sempre!
Que mistério é esse? Fabuloso! Fantástico! Surreal! Saber que o Enxame de hoje NUNCA perdeu sua identidade desde que Zeus colocou as abelhas no Planeta Gaia! É, até hoje o mesmo enxame!
Ainda mais: As abelhas individualmente são iguaizinhas às do começo! As pedras rolam e se esfarelam! Os astros decaem seu brilho e desaparecem! Os animais, as plantas, o homem, tudo muda e se transforma em outra estirpe! Mas, as Abelhas, nunca... nunca... NUNCA MUDARAM!
Por isso, o Enxame que viu o fim dos Dinossauros, viu surgir o Elo Perdido entre animais e homens, assistiu depois às 400 mutações Humanas, uma a uma, mudou de residência dentre pedras, de um lugar a outro, para ocos de árvores e espaço de grutas ou cipoeiras de floresta...
Trocou de operárias a cada mês, deixou voar milhares e milhares de zangões, trocou de Poedeira, em sucessão sem fim no decurso do tempo, sem jamais deixar de ser Este Enxame que hoje eu tenho em meu apiário!
Uma Energia Eterna e imutável perpassa no zumbido do Enxame! Nunca mudaram seu Ser! O Enxame de hoje tem a Idade sem medida do Primeiro Enxame que houve! Emoção sem fim nos percorre a espinha ao perceber que somos um segundo na Eternidade e ao nosso lado vivem, ignoradas e longínquas de nossas filosofias, as Abelhas Eternas!
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Autor: desconhecido.