Mariana - MG

Continuando o passeio por Minas Gerais, visitamos Mariana, que fica bem pertinho de Ouro Preto. "Logo ali". Em um dia visitamos as principais atrações. É uma cidade pequena onde tudo é perto, dá para ir à pé. E o melhor de tudo: não tem ladeira! :)

Um guia nos disse que antigamente Mariana e Ouro Preto tinham uma rixa: o pessoal de Ouro Preto quando perguntado pelos turistas se Mariana era longe, respondiam que sim. Daí os turistas não iam até lá, só os teimosos mesmo. E Mariana ficou meio esquecida por um tempo. Uma rixa desnecessária, que não trouxe benefício pra ninguém. Ainda bem que hoje isso não acontece mais.

Ida

Distante apenas 12 Km de Ouro Preto, é fácil chegar à Mariana de carro, ônibus e até bicicleta. Mas preferimos usar um meio de locomoção mais turístico: a Maria Fumaça.

A estação do trem fica lá embaixo, depois do Centro de Convenções. Saindo da Praça Tiradentes, pegamos a rua à esquerda do Museu da Inconfidência e descemos até o final. Deu uns 10 minutos de caminhada tranqüila, ladeira abaixo.

A minha passagem custou R$ 18,00, mas a Mog é estudante e pagou meia (9 pilas). Comparando com o preço do ônibus que faz o mesmo trajeto (R$ 2,40), mesmo a meia-passagem é cara, mas o passeio vale a pena. É outro clima.

O trem partiu pontualmente às 11 da manhã. O trajeto durou cerca de uma hora, ladeando as montanhas, no ritmo lento e gostoso de um trem antigo (porém completamente reformado). Uns atores com máscaras ficaram fazendo piadinhas (sem graça) enquanto falavam um pouco sobre a história da região. No meio do caminho o trem parou para abastecer o reservatório de água da locomotiva e mais adiante passamos perto de uma cachoeira bem bonita.

Os atores eram realmente desnecessários. Eram MUITO sem graça, e não conseguiam cativar o público. Uma pena. Pois seria legal saber mais da história do lugar, em vez de ficar pensando "Cala a boca palhaço...".

Dica: Sente no lado direito!Dica: Sente no lado direito!

Vou entregar: nós dois, espertos, sentamos do lado esquerdo. E tínhamos que ficar nos contorcendo pra ver a paisagem do lado direito. Culpa do Guia Quatro Rodas!

Chegando em Mariana, ficamos impressionados com a Estação Ferroviária deles. Tudo limpo e bem pintado, com biblioteca, acesso à Internet e uma espécie de parque de diversões musical. Usando metais que parecem ter sido reaproveitados de pedaços de outros trens, há vários instrumentos musicais que fazem a alegria da criançada (e dos adultos). São vários tons e notas diferentes, tocadas por várias pessoas ao mesmo tempo, um barulho caótico e animado. Não resisti e fiquei lá batucando também, gostei!

Passeio

Saindo da estação fomos à direita e atravessamos a ponte. Interessante que ainda tem gente procurando ouro no rio, represando alguns trechos para peneirar. Será que acham alguma coisa? (Sim! Leia os comentários)

Logo após a ponte tem uma casa grande que é o Terminal Turístico. Lá pegamos o mapa da cidade, com as atrações turísticas em destaque: igrejas e casarões antigos. Tipo Ouro Preto, mas sem as ladeiras. Essa vantagem geográfica facilita o passeio, assim pudemos ver bastante coisa em pouco tempo.

Pegamos o último mapa do Terminal Turístico. Nessa hora já deu pra perceber que Ouro Preto tinha mais infra-estrutura turística. Uma pena, pois Mariana também é muito bonita e devia ser mais valorizada.

Passando pela Rua Direita pudemos ver vários casarões antigos, todos grudados. No fim da rua tem uma praça (Praça da Sé) e a Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção (Igreja da Sé). Nessa igreja pegamos um guia que nos contou muitas histórias sobre sua construção e que depois nos acompanhou por um giro pela cidade.

Curiosidade: A Praça da Sé estava sendo reformada, com a ajuda de arqueólogos. É que como ali era um antigo cemitério, ossos começaram a aparecer durante as obras, então foi tudo embargado e os Indiana Jones brasileiros foram chamados para preservar os achados.

Dica: Na Igreja da Sé também tem um órgão alemão, daqueles bem antigos, enormes, cheios de tubos. Tem uma mulher que o toca (às 11:00) mas infelizmente chegamos depois que a audição já tinha terminado, uma pena :(

Diferente das igrejas de Ouro Preto, as de Mariana não estão restauradas. É interessante perceber a diferença. Primeiro ver as obras antigas revitalizadas e bem pintadas e depois vê-las com cores desbotadas e cheias de cupins. Por outro lado, tem a vantagem que é possível tirar fotos.

O guia nos explicou que Ouro Preto sempre se preocupou em preservar os casarões e a história da cidade. E por isso foi elevada a Patrimônio Mundial da Humanidade. Já Mariana acabou percebendo isso tarde, então não conseguiu o título mundial, só o nacional. E isso representa menos verba para restaurações e preservação do patrimônio artístico.

Depois fomos até a Antiga Casa de Câmara e Cadeia, com sua escadaria de pedra e móveis antigos. Esta é uma casa que foi restaurada, deixaram umas "janelas" na parede, onde pudemos ver como elas são por dentro: cheias de barro e restos de madeira.

Atravessando a rua vimos a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, que segundo o guia foi quase inteiramente destruída por um incêndio (acidental). Como a maioria das pinturas e esculturas originais foram perdidas, artistas locais refizeram a ornamentação da igreja. Como queríamos ver as velharias, não entramos nessa igreja.

Já ao lado fica a Igreja de São Francisco de Assis que é uma das poucas igrejas que ainda guardam sob o assoalho os restos mortais de seus antigos freqüentadores. Entre eles está o autor das belas pinturas de seu teto: Mestre Athayde. Há números no chão que indicam os túmulos, o do Athayde está logo na entrada. Por falar em pinturas, em uma delas a caveira que o Santo ?????? segura fica te olhando enquanto você anda pela sala :)

Não sei que santo... Santo genérico.

Dali fomos almoçar em um restaurante de comida mineira chamado Rancho da Praça, que fica adivinha aonde? Na praça, claro! Mas na Praça Gomes Freire, e não na da Sé (a dos ossos). Comida boa servida em um enorme fogão à lenha que também te faz suar, pois aquece todo o ambiente. O preço é por pessoa, então comemos até entupir.

Dica preciosa: compre frutas durante toda a viagem. A comida mineira é uma delícia, mas é muito gordurosa. Intercalar as coisas gordas e as saudáveis é uma boa. Mas nunca deixe de comer a comida de lá! É barato comer e é uma delícia!

Para nos recuperarmos da batalha alimentícia, sentamos em um banco da praça e ficamos apreciando a paisagem pacata de uma cidade pequena que ainda não sofre dos males das grandes metrópoles. Famílias inteiras ali descansavam, passeavam, alimentavam os peixes, conversavam alegremente.

O descanso foi tão bom que perdemos a noção do tempo e quando vimos já era hora de ir embora. Queríamos ter visitado a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, que fica um pouco depois da estação do trem, mas não deu.

Volta

Voltar de trem não tem muita graça, pois é o mesmo caminho da ida. É mais econômico e rápido voltar de ônibus mesmo, que custa apenas R$ 2,40 e para em vários pontos de Ouro Preto, inclusive na Praça Tiradentes, que foi o nosso ponto de partida desse passeio.

Dica: O ponto do ônibus fica ao lado do Terminal Turístico.

O caminho do ônibus é praticamente o mesmo do trem, até dá pra ver os trilhos em alguns trechos. Ah, vimos alguns buracos de minas (de ouro) no caminho, pertinho de onde o ônibus passa.

Outra diversão do trajeto é tentar entender como o ônibus consegue passar pelas ladeiras estreitas e movimentadas sem bater em nada :)

Voltar de ônibus foi uma ótima escolha. Rápido, econômico e um programa turístico alternativo. Além de ser divertida a sensação de estar num parque de diversões em cada curva que o motorista faz naquelas ruas estreitas, é legal ver o outro lado das cidades. Ver a periferia de cada lugar, as pessoas no seu dia-a-dia. E só assim conseguimos ver muitos buracos de minas, entendendo que Ouro Preto devia ser um queijo furado na época do ouro.

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