Era uma vez, uma banda que queria gravar uma fita demo... Se fosse pelo Toxa, tínhamos gravado essa demo já no 1º mês de banda. Mas nunca deu realmente certo, pois sempre nos faltava alguma coisa, tipo baixista, vocalista, essas coisinhas sem importância... Outra coisa que influiu muito foi o fato de sermos muito "ágeis" em fazer as coisas, e também que ao invés de fazermos músicas novas, a gente cortava as músicas antigas que estavam meio estranhas. Daí, até tudo estar realmente acertado, demorou uma cara! Quando vimos que tínhamos músicas suficientes, e estávamos meio que bem ensaiados, marcamos o estúdio.

E lá foi o DUMBS pra gravar sua demo...

19961103: Levou 3 horas para microfonar e regular a bateria e mais 3 horas para tocarmos 6 músicas. Tocamos todos juntos. Não ficou muito bom. Não foi gravado vocal.

Pra falar a verdade ficou um lixo, cheio de erros e com um som fraquíssimo. Tipo, parecia um som de teclado comprado no Paraguai, sem peso, digital horrível. Isso é o que dá cabaços em estúdio... Íamos fazer uma gritaria no final e chamamos uma galerinha que ficou uma cara lá esperando mas não rolou, foi mal. Foi foda, pensamos muito no que íamos fazer, pois esperamos mais de ano pra finalmente gravar essa demo, gastamos 6 horas de estúdio (uma grana do caralho!), ficamos de cara. O Fejão falou que tava massa, pra deixar assim mesmo (como sempre), mas ninguém concordou. Depois de muita discussão e incertezas, decidimos que iríamos fazer tudo de novo, mas dessa vez gravar cada instrumento separado, e não sair do estúdio enquanto não achássemos que estava realmente bom.

E lá foi o DUMBS pra gravar sua demo... ...de novo!

19961214: Gravação da batera de todas as músicas em 3 horas.
19961215: Hoje foi o dia das guitarras. O Paulo gravou em 2 horas e o Nissin em 2 horas e 20 minutos.
19961218: Gravação de todos os vocais em 3 horas e meia e do baixo em 1 hora.
19961219: Dia da mixagem. Das 15:00 às 20:00 nos enfurnamos lá.

Foram 4 dias do caralho! No final, o Murilo acho que já sabia todas as músicas de cor, de tanto que refazíamos cada música até que ficasse bem como queríamos. Foram momentos agradáveis dentro daquelas salinhas sem janela e sem ventilação, com o Nissin fedendo... ...foi foda. Foi legal porque o fone de ouvido era sem fio e tinha botão de volume (novidade pra gente). E a sala de controle então? Nunca vimos tantos botõezinhos e luzinhas e bipizinhos e chavinhas, todos juntos assim. O botão de volume tava sempre no máximo e nunca era suficiente. Ah, falando em volume, mesmo depois de 5 horas de mixagem, o Paulo pop-star ainda conseguiu deixar sua guitarrinha "solo" mais alta do que tudo... E tinha ar-condicionado, chique. Na gravação da batera, tinha uma nona música, "Dia Feliz", um ska, que por falta de tempo do Nissin, que tava em época de vestibular, não pôde ser gravada. E ainda bem, diga-se de passagem, pois ela ainda estava crua pra caralho...

19961220: Varamos a noite na casa do Paulo gravando vinhetinhas no fim das demos com o Mário, Aurelio, Paulo e Toxa, e tentando imprimir o encarte, mas o papel couchê era torto...
19961222: Gravação das vinhetas que faltaram com o Aurelio, Nissin, Paulo, Fejão, Leonardo, Feio e Cristoferson, pandeiro, berimbau, block, gaita, guitarra, secretária eletrônica...

É, pra quem não sabe, as primeiras 50 cópias da demo tinham mensagens secretas no fim da fita, cada uma diferente da outra, feliz de quem tem uma dessas... O desenho da capa, dos carinhas agitando, quem fez foi o Fejão, aliás ele só sabe desenhar esse carinha, pode ver como todos têm a mesma cara &:) Tínhamos ficamos uma noite na casa do Paulo acertando o encarte no computador, colocando as letras, lembrando da galera pra botar nos agradecimentos (e faltou gente... ...foi mal). Depois aquela sessão de ficar copiando fita por fita em casa, imprimindo, cortando e colando adesivos, imprimindo, cortando e dobrando encartes, essas coisas. Mas vale a pena. Todo esse trabalho de estúdio, gravação, cópias, encartes, adesivos, tudo feito na mão, por nós mesmos, pra que pessoas como você possam ouvir o quê a gente tem pra dizer, e de repente até curtir.