olás. eu sou o aurelio e me deram uma coluna na revista para escrever sobre o modo texto. não sou guru em linux, apenas não uso x
nem mouse, então utilizo os poderes da boa e velha linha de comando para interagir com a máquina. muitos vêem nisso um retrocesso, uma perda de tempo, considerando todos os maravilhosos recursos dos menus e das janelas disponíveis. pode ser, tudo depende do uso que se faz do sistema e da familiaridade com as ferramentas. neste espaço, vou tentar mostrar aos já iniciados dicas para agilizar ainda mais seu uso, e aos incrédulos, apresentar a luz divina dos caracteres cinza sob o fundo preto &:)
bem, para usar o modo texto de maneira integral, o usuário precisa basicamente de duas coisas: saber se virar com seu interpretador de comandos (shell) e ter em mãos uma gama de programas para console capazes de satisfazer todas as suas necessidades computacionais, como ler email, navegar na internet, editar um texto, tocar cd/mp3, manipular/visualizar imagens, jogos, calculadora, calendário, irc, icq, etc.
o foco desta coluna será apresentar e dar dicas sobre diversos programas para o modo texto, além de passar dicas de uso da linha de comando e de automatização de tarefas.
se você é usuário somente da interface gráfica e tem interesse em aprender, ou pelo menos entender porque ainda se usa o modo texto, acompanhe os artigos, experimente os programas, utilize-os no seu dia-a-dia, brinque com as opções, realmente dedique um tempo a eles. aos poucos tente ir substituindo os programas gráficos pelos texto, devagar, e quando você perceber, já estará se sentindo à vontade trabalhando na tela preta.
primeiramente, o interpretador de comandos. o bash
(bourne again shell) é o padrão na maioria das distribuições de linux, então ele será utilizado nos exemplos. ele possui várias características poderosas tanto para o uso normal quanto para programação de roteiros (shell scripts).
sabe aquele item do seu menu chamado xterm
? pois é, ele simula um console, quando lhe é apresentanda uma linha de comando, este é o bash
. este xterm
pode ser considerado um pseudo modo texto, mas os exemplos que serão citados nesta coluna, serão melhor aproveitados se executados no modo texto mesmo, fora da interface gráfica, até para uma ambientação mais completa. para acessá-lo, segure ao mesmo tempo as teclas Ctrl+Alt+F1
e entre com seu usuário e senha. não acesse como superusuário (root
) para prevenir danos ao sistema.
nosso primeiro amigo é o famoso [usuário@localhost usuário]$
. esta é a linha de comando (prompt
). o sistema (bash
) está esperando que você digite um comando para que ele possa executar. este formato padrão de sua linha de comando é bem informativo, mostrando primeiro o nome de seu usuário, o nome de sua máquina (localhost
é o nome padrão) e o nome do diretório no qual você se encontra (ao acessar o sistema, /home/usuário
). estas informações podem ser configuradas para mostrar horas, data, textos, e isso ainda pode ser em cores. daqui pra frente, para indicar uma linha de comando, vou simplesmente indicar uma linha começando com $
.
$ cat /etc/bashrc
na busca de mais detalhes sobre este ou qualquer outro tópico específico do modo texto, utilize as páginas de manual on line. sim, elas são densas e às vezes criptográficas à primeira vista, mas são essenciais para o aprendizado de qualquer comando ou programa do sistema, para saber sua sintaxe, opções e detalhes. as páginas de manual são invocadas com o comando man
, como no exemplo:
$ man cat
muitos aplicativos estão deixando de lado o formato man
, com apenas uma página e várias seções, e estão colocando a documentação atualizada no formato info
, que permite a navegação entre páginas.
por exemplo, o comando cat
acima, mostra o conteúdo de um arquivo na tela. ele tem algumas opções, que são modificadores, que alteram seu comportamento normal, fazendo o comando tomar outra ação, ou mostrar uma saída diferente da normal. ele pode por exemplo numerar as linhas do arquivo com a opção -n
$ cat -n /etc/bashrc
para ver rapidamente quais são as opções disponíveis em um comando, use o parâmetro --help
:
$ cat --help
e para fechar esta introdução rápida aos conceitos básicos da linha de comando, temos o redirecionamento, que pode ser tanto para comandos:
$ cat -n /etc/passwd | sort -nr
como para arquivos:
$ cat -n /etc/passwd > /tmp/passwd-numerado
ou para dispositivos:
$ cat musica.au > /dev/audio
estes são os conceitos básicos que se precisa saber para operar na linha de comando sem ficar (muito) perdido. oportunamente, nos próximos textos, cada um dos aspectos do uso da linha de comando terá uma demonstração mais aprofundada e acompanhada por exemplos práticos.
espero que esta coluna possa servir como um pequeno guia de sobrevivência para aqueles que, por um motivo ou outro, estão passando apuros na linha de comando, e quem sabe ainda "relembrar" algumas dicas aos "gurus" de plantão.