Uai, sô!

Adoro minha vida tranqüila na praia, aqui na pacata Matinhos (PR). Gosto de passear de bicicleta e jogar bumerangue na areia. Quando o mar não está gelado, pego jacarés. Outro programa bacana é dar a volta na ilha da Praia Mansa, pulando pelas pedras. Em dias de céu aberto, é bom subir o Morro do Boi para apreciar a paisagem.

São raras as vezes que sou convencido a trocar esta tranqüilidade para enfrentar uma cidade grande com seus carros, fumaça, estresse e barulho. Se forem vários dias então, complica ainda mais. Se tiver avião na história, daí fica quase impossível.

Não sou (ainda) tão paranóico quanto o Roger do Ultraje a Rigor, que não pega avião de jeito nenhum e só faz shows onde pode ir de ônibus. Mas a cada vôo, menos confio nas máquinas de voar.

Uma dessas situações raras aconteceu em Outubro, quando fui convidado para dar um curso de Shell Avançado em Belo Horizonte.

— Putz, Belo Horizonte? É longe pacar… (-1)
— Seria bom para conhecer a região, nunca fui pra lá… (+1)
— Vou ter que pegar avião, que saco… (-1)
— A remuneração é boa, até paga o estresse… (+1)
— Ah, mas uma semana inteira de curso, que preguiça… (-1)
— Um curso avançado agora ajudaria a melhorar o livro de shell… (+1)
— Ih, vão querer curso de shell básico também, trabalho em dobro… (-1)
— Talvez eu nunca mais tenha a oportunidade de ir para Minas… (+1)

E o resultado da conta ficava sempre em zero, nem me fazendo recusar, nem me animando a ir.

Mas então aconteceu uma daquelas coincidências que são coincidentes demais para serem apenas coincidências: na mesmíssima semana que eles queriam o curso, a minha namorada Mog iria para Minas também! Iria com o ônibus da UFPR para participar de um congresso de Ciências Sociais (ANPOCS) em Caxambu.

Recapitulando: Eu nunca tinha ido à Minas. Na exata semana que tenho a oportunidade de ir, minha namorada também vai para lá, por um motivo diferente. Ambos moramos no Paraná. Quais as chances disso acontecer? Hein? Hein? Hein?

Ateus: Isso não quer necessariamente dizer que Deus mexeu os pauzinhos para isso acontecer, tampouco prova sua existência. Não quero convencer ninguém de nada. Mas este é apenas um pedaço de uma longa história, que eu vou contando aos poucos. Ela continua em textos futuros.

Agora minha conta deu bem positiva. Diante dessa feliz “coincidência”, aceitei o curso em BH com alegria. Combinei com a Mog de nos encontrarmos lá em Minas e passear uns dias, já que nunca se sabe quando seria a próxima vez que pisaríamos por aquelas bandas… Seria uma viagem meio trabalho meio passeio. Beleza.

Então lá estava eu com minha mochila nas costas, com algumas roupas e o iBook, abandonando temporariamente o paraíso. De casa fui à pé até a praça central de Matinhos, lá peguei o ônibus circular para a rodoviária, depois o ônibus para Curitiba, depois a mãe levou até o aeroporto e enfim sentei na poltrona do avião. Dia de céu aberto, o piloto veio pelo litoral, uma paisagem belíssima.

O curso foi na Prodemge, duas turmas de shell básico pela manhã e uma de avançado pela tarde. Foi um ritmo bem puxado, na sexta-feira eu estava pregado, rouco e zonzo. Mas valeu a pena, as turmas foram excelentes, principalmente a do avançado que conseguiu assimilar um conteúdo de 40 horas em apenas 20. Assim é bão!

Durante essa semana também tive a oportunidade de conhecer um freqüentador assíduo aqui do blog, o Matheus Eduardo. Sempre é muito curioso isso de conhecer ao vivo uma pessoa com quem você só falava virtualmente. Durante o almoço conversamos muitas nerdices, foi divertido, o Matheus é um cara muito gente boa. Ah, ele escreveu a sua própria versão (detalhada) dessa história!

Por falar nisso, a impressão mais forte que tive do povo mineiro foi essa: simpatia. Fui muito bem tratado nos lugares onde estive: me deram informações, sorriram, papeavam sem pressa. Igualzinho Curitiba… ;)

Terminados os cursos, peguei um ônibus e rodei até Caxambu para encontrar a Mog. Passeamos bastante por lá, depois fomos para Ouro Preto e também Mariana. Mais um dia em Belo Horizonte, então voltamos para Curitiba.

Volta de avião, de noite, com chuva. O piloto desistiu da aterrissagem na última hora: acelerou, grudamos na poltrona, subiu, deu uma voltinha, então pousou. Medo.

O que, você ainda está lendo? Obrigado por não me deixar falando sozinho. Então, tiramos bastante fotos dos lugares que visitamos e fizemos um relato de cada cidade. Isso mesmo, você leu direito: fizemos. Eu e a Mog escrevemos juntos o relato da viagem.

Pela primeira vez em oito anos de existência, o AURELIO.NET tem um texto escrito a quatro mãos. É uma experiência, uma maneira de trazer duas visões de mundo em um mesmo relato. O nerd e a socióloga. Talvez você se identifique mais com meu texto, talvez mais com o da Mog. Talvez ame ou odeie ambos.

De uma maneira ou de outra, leia os textos e deixe sua opinião aqui nos comentários!

Caxambu Ouro Preto Mariana
Caxambu Ouro Preto Mariana

Ah, não é lenda: eles falam “uai” e “sô” sim, inclusive na capital ;)

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