Amigorama: Thais Araujo

Este é o primeiro texto de uma seção nova chamada Amigorama. Esta é mais uma novidade para continuarmos o caminho em direção à humanização do blog. A idéia é cada texto ser uma homenagem a uma pessoa importante, inspiradora para mim, que eu gostaria que você conhecesse. Vou tentar fazer disso algo periódico como a seção Sonzeira do Mês, mas não garanto. Por que Amigorama? Ah, sei lá. Fliperama, autorama… Amigorama! :D

Thais Araujo. Figuraça.

Elétrica, agitada, empolgada, animada, simpática, sorrisão no rosto. Ri muito, gargalha. Alegria é com ela mesma. Fala rápido, fala o tempo todo. Para o ouvinte é bem fácil ficar tonto ou perder o fio da meada na conversa. Mas não se preocupe, ela já mudou de assunto!

Esses dias ela estava no Havaí, depois ia para o Alaska. Ela trabalha em um navio luxuoso, fotografando pessoas felizes em cruzeiros pelo mundo. Mas essa história se inicia em Curitiba, ou melhor, na Internet.

Atenção: Este texto não é sobre a atriz Thaís Araujo, estou falando de minha amiga Curitibana.

Tudo começou com um recado que ela deixou no meu site, em Agosto de 2005. Vou colar alguns trechos aqui:

não tô nada inspirada para escrever alguma coisa agora, mas sinto que se eu não escrever agora, amanhã talvez nem lembre que vc exista..

tava fuçando na net, durante a minha super produtiva jornada de trabalho, qndo a vontade que anda latejando de aprender a tocar bateria falou mais alto.

apareceu quilhões de gentinhas falando que manjam mto de bateria, que a aula era com a bateria “x”, baquetas “y”

então especifiquei a busca.. chute qual foi o primeiro site que apareceu.. (respostinha previsível, hã..) O SEU!!

O recado é longo, mas note que ela não estava inspirada. Imagina se estivesse? Não precisei imaginar: respondi o recado por e-mail e ganhei de volta uma resposta quilométrica. Respondi esta e ganhei outra maior ainda. E assim foi, dezenas de e-mails trocados, cada vez maiores e mais densos.

Imagine um e-mail grande. Não, mas graaaaaaande mesmo. Sem fotos nem vídeos, somente texto. Parágrafos gigantes escritos em uma linguagem atropelada, assunto após assunto sem pausas, misturado com diálogos, com idéias, daí abre um parênteses porque lembrou de outro assunto, fecha e começa a falar de outra coisa.

É o tipo do e-mail que você tem que reservar um bom tempo para conseguir ler até o fim sem interrupções. Responder é outra história, aí precisa de pelo menos o dobro do tempo. E isso leva tempo…

Como ela tinha vontade de aprender a tocar bateria, comecei a dar umas dicas por e-mail mesmo. Sou baterista e sempre batuquei nas coxas ou na mesa enquanto estava almoçando. Aliás, acabei de fazer isso agora pouco, enquanto lia o parágrafo anterior, é vício. Ensinei ela a fazer a mesma esquisitice. Gravei inclusive um MP3 comigo batucando para que ela pudesse acompanhar.

E quando a minha mãe entrou no quarto e pensou que eu tava ouvindo “FITA K7 DE AUTO AJUDA!!!” hahahahahahahahahaha….!!!!!!!! “Thais… vc tá ouvindo algum tipo de fita de auto ajuda?????” Desatei a rir!!!!!!!!!!! Nossa.. e eu não tinha forças para explicar oq era… ela ficou total preocupada comigo! Oq uma louca, sentada na quina da cama, com 2 escovas de dentes na mão estava fazendo ouvindo fita de auto ajuda?!?!?!?! “Minha filha, você tá bem? Quer conversar??”

E não é que ela aprendeu a batucar por e-mail? Então passei outras batidas mais difíceis e ela foi aprendendo. Até o dia que ela foi na casa de um amigo baterista, tirar a prova dos nove. Empolgadíssima, me mandou um e-mail contando que tinha conseguido tocar todos os ritmos na bateria dele, de cabeça! Também fiquei empolgado que a idéia deu certo, e assim nasceu o Baterna – Curso de Bateria Online e Gratuito.

Após três meses de trocas de e-mails “pesados” contando um pouco sobre tudo, chegamos em um ponto onde o encontro físico era inevitável: pegar o carro, atravessar a cidade e ir a algum lugar, comer, papear e voltar era mais rápido do que escrever uma resposta :D

E assim foi.

- Você disse pra tua mãe que ia se encontrar com “um cara da Internet”?
- Claro que nãaaaaao! Pensa!

E nesse dia transformamos uma amizade virtual em real. Ao vivo ela era tudo o que os e-mails indicavam: um agito :)

O tempo passou e acompanhei a virada que ela deu em sua vida. Você acha a sua muito monótona? Então leia essa história:

“Tudo o que eu queria era trabalhar como corretora de seguros morando em Camboriu e hoje eu sou uma fotografa em pleno Oceano Pacifico!”

A Thais era corretora de seguros em Curitiba. Já estava de saco cheio da entediante rotina do trabalho de vender seguros. Decidiu mudar-se para Balneário Camboriú (SC) e conseguiu uma transferência para uma corretora de lá. Estava tudo certo, já tinha arrumado o apartamento e tinha data marcada para começar a vida nova.

Então chega uma proposta inesperada para ela trabalhar como fotógrafa (!?!), em Curitiba mesmo. Ela nunca tinha trabalhado com isso e mesmo com a vida praticamente acertada no ramo que ela dominava, chutou tudo para o alto e começou de novo. Ficou em Curitiba e foi tirar fotos. Aprendeu na raça, nas formaturas e eventos que ia cobrir. A corretora entediada virou uma fotógrafa da noite.

Mas não acabou aí. Depois que ficou craque nos cliques e no Photoshop, apareceu outra proposta inusitada: ser fotógrafa de cruzeiros marítimos. Mais uma vez a intrépida Thais chutou o balde e foi várias vezes para Santos (SP) fazer testes, depois treinamentos e finalmente chegou o dia do embarque.

Isso foi há pouco mais de três meses. O resto dessa história você acompanha no hilário (mesmo!) blog dela: Peteleco On Board. Eu rio muito a cada texto, é como se ela estivesse aqui na frente, falando comigo. Ela conta em detalhes como é a rotina a bordo, os amigos, os turistas, as roubadas. Recomendo a leitura, mesmo! Mas leia com tempo e prepare-se para muitas risadas.

Aconselho a leitura inversa, começando pelos textos mais antigos, a partir do embarque até chegar nos dias atuais. Uma amostra do que você vai encontrar lá:

Dado o sinal (aviso nos auto falantes e 7 toques da campainha mais chata e barulhenta do mundo) cada crew tem que pegar o seu colete salva vidas, o bonezinho amarelo florescente e ir para a seu lugar demarcado e lah, rola uma demonstracao de como vestir o colete, onde ficam as saidas de emergencia e o escambau, entao laaaah, eh que rola o primeiro contato com eles, pq eles realmente OLHAM pra gente e acabam lembrando depois “Ah, vc que nos ensinou a vestir o colete!” ou passando para o que eu traduzo dentro da minha cabeca: “Voceee eh a retardaaaada que tava com aquele bone RIDIIICULOOO, fazendo gestos que vc pensa que sabe o que esta fazendo e nao sabe pooorra nenhuma e – hahahaha – usando aquele colete cafoneeeerrimo que nunca pertenceu a nenhuma moda fashion jamais vista!”

Thais Ah, é claro, a foto! A Thais tem uma das fotos mais bonitas da minha lista de amigos do MSN. Foi ela mesma quem tirou, sem ver. Isso é que é fotógrafa! Gostei tanto dessa foto que a usei no screenshot oficial do EmoMemory. Que EmoMemory? Pois é… Isso me lembra que esqueci de fazer o texto sobre ele… Em breve sai :)

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